Qualquer um que olhar pela África, não pode dispensar-se de reflectir seriamente sobre as causas profundas, internas e externas, que provocam os problemas, que continuamente empobrecem o continente em todos os seus aspectos.
Por isso, freqüentemente, a África é apresentada pela imprensa como um mundo atormentado por conflitos, guerras tribais e civis; ou também como o continente da fome, castigado pelo subdesenvolvimento, necessitado de tudo.
Sem esquecer a desertificação, que se soma às tantas feridas do continente. Outro fenómeno desastroso é epidemia de Hiv/Sida que dizima as populações, especialmente os jovens, pondo em risco a própria sobrevivência futura do continente. E existem hoje em África milhões de refugiados e a maioria deles desconhece o verdadeiro motivo de seu exílio, fundamentalmente baseado sobre causas políticas e econômicas, que os despojam do necessário.
África vê hoje em dia o seu futuro, que podia ser limpo e coerente, bastante comprometido por uma questão de ignorância dos seus dirigentes corruptos e distraídos em nome de um sistema político falhado. E a democracia nunca conheceu o valor real, de sistema político que visa servir o povo e satisfazer as suas necessidades. Pelo contrário, tem estado a ser usada para servir um grupo de indivíduos, os que criam empresas políticas e às quais dão nomes sob a bandeira de Partido Político. O intuito é simples: utilizar os meios do povo para atingir objectivos pessoais – riqueza fácil através de roubos aos pobres povos. E como forma de justificar as suas incompetências, inventaram discurso desculpabilizante em nome da mentira. Mas nós os esclarecidos e atentos já conhecemos este discurso com a ideia que os culpados são sempre os outros e nós somos sempre vítimas. A culpa já foi da guerra, do colonialismo, do imperialismo, do apartheid, enfim, de tudo e de todos. Menos nossa. É verdade que os outros tiveram a sua dose de culpa no nosso sofrimento. Mas parte da responsabilidade sempre morou dentro de casa.
Estamos sendo vítimas de um longo processo de desresponsabilização. Esta lavagem de mãos tem sido estimulada por algumas elites africanas que querem permanecer na impunidade. Os culpados estão à partida encontrados: são os outros, os da outra etnia, os da outra raça, os da outra geografia. Somos peritos na criação do discurso desculpabilizante.
Estamos sendo vítimas de um longo processo de desresponsabilização. Esta lavagem de mãos tem sido estimulada por algumas elites africanas que querem permanecer na impunidade. Os culpados estão à partida encontrados: são os outros, os da outra etnia, os da outra raça, os da outra geografia. Somos peritos na criação do discurso desculpabilizante.
Portanto, estamos, diante de uma África de desamparados, de pessoas que não têm pátria, não têm alimentos, embora sejam ricas de todos os bens; que são destituídas até da própria dignidade, apesar de terem sido os antepassados da humanidade. Uma África pobre e mendiga, levada à miséria pelas mesmas razões políticas que difundem uma cultura de corrupção e de mentira através do continente. Com o desgoverno, muitos políticos contraíram dívidas externas absurdas, a ponto de tornar impensável a esperança de um futuro melhor e de um bem-estar plausível.
Praticamente, tratar-se-ia de uma África que nada conta, que pode não valer nada e que nem deve valer nada. Ao mesmo tempo, estamos convencidos de que a África não é, e jamais deveria ser, uma “terra de jogo de interesse” para as potências económicas e as multinacionais, seja como sofredora (onde a vida tornou-se difícil em todos os níveis) e, hoje, como terra da promessa, pois contém grande parte dos recursos naturais e alimentares da humanidade. A África se apresenta, assim, como terra de todos e de ninguém.
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