sábado, 23 de junho de 2012

A NATUREZA SOCIAL DO HOMEM

A análise do comportamento dos seres humanos conduz-nos a reconhecer que estes são dotados de uma natureza eminentemente social. Mostra-nos a observação que o homem, ao contrário da grande maioria das espécies, não vive isoladamente, mas em sociedade.
Mas quem diz sociedade humana diz vida de convivência. E quem diz convivência diz regras, pois não podem as pessoas viver em comum sem que exista, ao menos, um elenco mínimo de princípios por que se pautem os seus recíprocos modos de agir.
O dado fundamental da vida social é, na verdade, que esta não pode fazer-se sem uma disciplina. Superando os elementos que a compõem, a sociedade é, em si mesma, uma entidade para cuja subsistência essencial, é condição sine qua non a presença de regras que atribuam a cada indivíduo uma função específica, determinando-lhe outros, quer por meio de actos quer por meio de omissões, em ordem à consecução dos fins sociais.
A existência de normas capazes de definir os comportamentos de cada homem nas suas relações com os demais é, assim, um dado inerente à própria vida das sociedades, pois a colaboração interindividual que delas é pressuposto não pode desenvolver-se sem que surjam regras comummente obedecidas pelos respectivos membros.
Por outro lado, as regras de conduta constituem o instrumento responsável para se obter a segurança de que cada membro do grupo necessita na sua vida de relação com os demais.
Na verdade, só a existência de regras de conduta social permite tornar previsíveis as condutas alheias e a elas adequar, portanto, as condutas próprias. É esta previsibilidade que proporciona aos indivíduos a necessária segurança e faz possível, por via dela, a colaboração interindividual necessária ao conseguimento dos fins sociais.

Gaby Lomengo

terça-feira, 12 de junho de 2012

“Lambebotismo“ retarda o desenvolvimento dos jovens


Falta de direcção e referências, a ganância pelo poder político e económico sem o mínimo esforço, assim como o excesso de bajulação e “ lambebotismo “ são apenas alguns de uma lista de males que enfermam a juventude moçambicana. Há jovens por ignorar o seu potencial ficam atrelados a figuras ou organizações políticas, num cenário de bajulação e “lambebotismo”, para obterem ganhos pessoais. As figuras referenciadas devem servir de fontes de inspiração da camada juvenil nas acções de combate contra todos os males que minam o desenvolvimento do país, assim como a melhoria das condições de vida dos moçambicanos, principalmente a corrupção.
Por isso, é necessário que os jovens tenham um espírito aberto e que saibam aceitar as posições dos outros, mas combatendo sempre os dogmas através do questionamento constante das soluções acabadas. Isso, segundo ele, tem que ser feito da maneira mais científica possível, quebrando tabus.
O contrário disso atrofia a análise e leva-nos a aceitar tudo o que vem como certo, incontornável e indiscutível. Aceitar tudo equivale ao lambebotismo, que é o maior mal que graça a nossa sociedade, onde as pessoas tendem a querer agradar o chefe, com todas as artimanhas possíveis.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

O Homem do Senso Comum e a filosofia

O homem do senso comum vive imerso em seus afazeres quotidianos, sua vida e eminentemente utilitarista, na medida em que vive a partir de um senso imediatista do mundo. É um homem que vive num período de uma educação mercantilista e tecnicista cujo único objectivo e preparar os jovens como mão-de-obra para o mercado de trabalho. É um homem que vive num mundo utilitarista, pragmático onde o material ocupa todas as instâncias colocando o subjectivo na periferia. Isto é, as tarefas quotidianas do conforto material do trabalho, de casa e até mesmo o entretenimento e o divertimento impedem que homem comum dedique-se a uma reflexão mais profunda sobre a sua existência, reflexão que poderia aproxima-lo mesmo que de uma forma bastante superficial da filosofia.

É neste sentido que dogmatismo na vida deste homem está fortemente enraizado devido a sua relação prática e utilitarista com o mundo que não permite uma abertura a reflexão filosófica. Para ele, tudo deve possuir um sentido e uma utilidade, e se tal sentido e utilidade já se encontram como “dados” por isso não faz nenhuma reflexão crítica sobre o fundamento da realidade ou da constituição do mundo.

Assim o homem do senso comum, absorvido pelas suas actividades quotidianas no trabalho e na relação familiar, não vê nenhum propósito na exploração da essência do mundo porque isso já se manifesta como algo definido para ele. Mas o perigo e o mal disso tudo não só constrói um dogmatismo no sujeito, como acaba por determinar toda uma história de vida, do modo de ser de um sujeito no mundo. A sua compreensão do mundo, o seu posicionamento ético, o seu comportamento, os seus medos, os seus preconceitos, as suas decisões, tudo que envolve a sua existência acaba por ser determinada a partir do seu posicionamento dogmático. Ou seja, o dogmatismo uma vez enraizado aprisiona o espírito no senso comum de tal forma, que se torna uma tarefa muito difícil desconstrui-lo. O dogmatismo forma desde a infância, uma base muito forte, na qual o sujeito deposita todas as suas forcas, romper com esta base significa em última instância um exercício perigoso na medida em que a compreensão de mundo ficará suspensa por tempo indeterminado e a realidade irá mudar completamente, colocando o indivíduo na angústia da sua própria existência.

Assim, a ruptura com o dogmatismo é elemento chave para o filosofar, elemento sem o qual a própria filosofia não se move. Esta emancipação exigirá do homem imerso no dogmatismo, em primeiro lugar, um afastamento do mundo prático.

Portanto, a filosofia como demonstramos anteriormente e a única capaz de causar a ruptura do homem do senso comum com o seu dogmatismo. Tal conquista exige do indivíduo uma ruptura com as instâncias dogmáticas, que o impedem de evoluir intelectualmente rumo a um processo emancipadores, de libertação de nossas crenças e limitações.

Entendemos que esta abertura a filosofia, manifesta-se como algo intimamente existencialista, na medida em que o indivíduo, movido por motivações de ordem pessoal, conduzido pela admiração, pela dúvida, pela revolta ou pela insatisfação moral, questiona a totalidade dos fundamentos da realidade visando a ruptura com uma espécie de “dogmatismo natural” que impede a compreensão clara e objectiva dos factos a sua volta.
Por “realidade” entende-se não somente a existência material ou subjectiva do sujeito no mundo, mas todo o contexto cultural, politico e ideológico que o cerca, o funcionamento das estruturas de poder e de dominação que se manifestam na sociedade contemporânea. O reconhecimento desta realidade se da mediante a ruptura com o dogmatismo, através da actividade do filosofar. A conquista do filosofar por sua vez e existencialista na medida em que o indivíduo absorvido pelos próprios questionamentos sobre o “véu” que esconde esta realidade resolve romper por iniciativa própria com o seu dogmatismo, quebrando as cadeias de pensamentos triviais do senso comum.

Uma vez que sejam quebradas estas cadeias e o dogmatismo seja rejeitado, o homem comum suspende todos os seus juízos, sendo que a sua compreensão de mundo acaba por vacilar, deslocando o indivíduo do seu prumo de centro e o afastando da realidade pragmática do mundo. Este afastamento do mundo incide em um problema serio que pode desembocar na adopção de uma posição céptica ou niilista. Para que o indivíduo não se perca neste percurso e necessário o seu retorno ao mundo, só que desta vez, o “mundo” possuirá um significado diferente do que possuía para o dogmático anteriormente, pois uma vez que tenha conquistado o “filosofar”, sua concepção de mundo passa a ser eminentemente filosófica.
Gaby Lomengo