sábado, 5 de janeiro de 2013

Ano Novo: Entre sonhos e ilusões


Ano Novo é sinónimo de comemorações diversas. Para muitas pessoas, de facto, uma nova etapa está a chegar com novos planos, sonhos, ilusões, enfim... Mas decepção para quem não fez sucesso no que desejou.
Para o mercado, uma euforia total onde o décimo terceiro causou agitações nas compras e isso influenciou o aumento do consumo. Mas apesar do imperativo das festas, final do ano também representou memórias de dor para muitos que perderam seus entes. Isto é, para uns é alegria e euforia. Para outros, dor, sinónimo de perda e, em casos mais extremos, angústia e desolação.
Mas também pode ser uma ocasião em que negamos o que temos e parecemos ser o que não somos. É um momento em que afirmamos nossa maneira de aceitar tudo o que vem de fora sem crítica e postura de fazer, de facto, algo para que o mundo venha a ser melhor.
Abraçamos tudo e todos em nome de um egoísmo inconsciente e de uma bondade equivocada. Os mendigos ganharam plásticos de roupas, comida quente e muitos brinquedos. Mas o ano novo chega e uma dúvida emerge no mesmo ritmo que nosso descompromisso, quer dizer: para onde vão os pobres no fim dessas festas? A pobreza é uma questão basicamente social, mas caímos no simplismo de pensar que estamos “renovando o mundo” doando comida, brinquedo ou roupa.
Oxalá se a renovação de nosso calendário também representasse uma renovação de nossas perspectivas, de nossas acções e do modo como construímos nossas realidades. As comemorações e os votos de final de ano podem ser uma ironia caso nossas atitudes simplesmente repitam o que há por ai. Superar essa condição envolve uma postura radical e crítica das coisas que nos vêm em forma de valores. Sobretudo, as acções não podem se reduzirem a uma data do ano. Essa postura não nega as comemorações, pelo contrário, festejar é sempre bom. Mas também não podemos cair tentação de pensar que a sociedade renova-se com as ironias de natal e com as ilusões de ano novo.