segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Entre o desejo de ter filho e a infertilidade: O impacto emocional

O desejo de ter filhos é um sentimento inato, primitivo. A fertilidade está relacionada à realização pessoal, e a incapacidade de procriar representa uma falha em atingir o destino biológico, além de ser um estigma social. Portanto, a capacidade de perpetuar a espécie representa uma essência para a realização do ser humano, e todos os tempos e em todos os povos. A preocupação com a fecundidade vem se desenrolando na história de tal modo que a incapacidade de gerar representou, sempre, uma ameaça, um temor que poderia significar motivo de degradação nos grupos familiares e sociais.

A nossa sociedade sempre exerceu uma cobrança muito forte com relação à maternidade. As mulheres, até mesmo quando crianças, já são induzidas a brincar de boneca, panelinha, gerando em si mesmas o desejo de ser mãe. Com a descoberta da infertilidade, a mulher sente sua feminilidade ameaçada, pois isso impede que se cumpra a vocação natural de ser mãe. Alem disso, elas sentem-se imperfeitas, incompetentes, alienadas do mundo fértil e excluídas da vida social.

Por isso, quando um casal descobre sua infertilidade, vêm à tona diversas questões existenciais humanas, sociais e também religiosas. Essa pressão social é intensificada a partir do momento em que eles se casam. O próprio padre ou pastor no momento da cerimonia já demonstra essa pressão social, quando ele diz aos noivos que estes estão constituindo uma nova família. Logo após a cerimonia começam as cobranças da família e dos amigos sobre quando irão ter filhos.

Com tanta pressão que nossa cultura e sociedade exercem sobre o casal, quando os mesmos descobrem que são inférteis, se deparam com a frustração de suas expectativas e da sociedade. A infertilidade é vivida pelo casal como a perda de uma grande capacidade – a de procriação. Eles passam a ter a sensação de serem os únicos que enfrentam esse “problema”. Alem disso, todas estas questões geram um grande stresse na relação sexual, pois esta passa a ter um papel cujo objectivo maior é a procriação e não o prazer.

Com isso, esse casal chega ao ponto de se questionar se são suficientemente bons para o seu parceiro e alguns pensam até em abdicar do casamento para que o companheiro possa ter um filho com outra pessoa.
É uma realidade muito triste.

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