Pensar é uma atitude espontânea no ser humano. Todo o ser humano pensa e exprime as suas vivências e preocupações através do pensamento e da palavra. A palavra (oral ou escrita) é um veículo do pensar, e é indisociaável da actividade pensante. Pensamos com palavras e as palavras encerram significados. As palavras dão-nos o sentido das coisas, dos acontecimentos, dos estados de espírito. A linguagem modela o nosso mundo, os conceitos dão-nos o significado do que queremos compreender (racionalmente). O pensamento procura constantemente interpretar os sinais que o nosso mundo nos envia, quer do exterior (relações sociais, natureza, cosmos) quer do interior (alegria, ansiedades, medos, sonhos, aspirações, etc.). todo o ser vivo, em particular os ser humano, vive num universo hermenêutico. E , se os outros seres vivos do nosso planeta reagem sobretudo aos sinais emocioanais, afectivos e instintivos, nós reagimos aos sinais inteligíveis, aos que não se vêem, mas se pensam.
E, se toda a actividade humana implica pensar (a ciência, a religião, a política, o comércio), haverá alguma diferença entre pensar e filosofar? Será a filosofia um pensar diferente? Em que consiste a diferença?
Desde os primórdios da actividade filosófica que os filósofos têm distinguido entre sensação, entendimento e razão.
Sentimos e procuramos compreender o que sentimos. Queremos e procuramos compreender em que sentimos exercer a nossa vontade.
Pensamos através de juízos lógicos e orientamos a nossa vida pelas conclusões que o raciocínio nos possibilita.
Mas a filosofia procura ir mais longe, e, em vez de apenas pensar e fazer, quer pensar o pensar e pensar o fazer. A filosofia procura criar as condições para o despertar da razão, faculdade de compreender (intuitivamente) para além dos jogos lógicos do entendimento.
A filosofia tem duas grandes dimensões: uma teórica, que é a procura de explicações racionais, isto é, a procura dos grandes princípios lógicos que nos permitem compreender a realidade (e compreender o que é compreender) e inclui a lógica, a gnosiologia e a ontologia; e outra prática, que consiste na procura das regras que devem orientar a nossa acção, e engloba a ética e a filosofia política.
No entanto, a filosofia não pretende apenas descrever o modo como o ser humano pensa e age, mas compreender o porquê desse pensar e desse agir e prescrever indicações que nos permitam caminhar para formas de consciência mais elevadas, que semam plataforma de um mais saudável entendimento entre os habitantes do nosso Planeta.
O que a filosofia busca é tornar-nos conscientes dos nossos pensamentos, das nossas emoções e das nossas motivações para a acção; ser consciente, despertar. E, se no nosso quotidiano dormimos, é preciso uma NOVA MANEIRA de estar na vida (a filosófica) para alterar esta situação.
É por isso que a filosofia não é apenas mais uma disciplina para escolas ou universidades; é antes uma nova maneira de estar na vida. Não basta pensar. É preciso estar consciente do contéudo desse pensar. Quando não estamos conscientes não sabemos o que fazemos. Filosofia é procurar pensar conscientemente para agir livremente.
GABY LOMENGO
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