A mais evidente transformação que observamos no comportamento humano hoje é, sem dúvida, a pressa ou a corrida contra o tempo. Estamos sempre apressados. Como se as horas fossem insuficientes para tantas informações e imagens que povoam o nosso consciente.
Essa atitude desvia-nos da vivência do presente. Isto é, ninguém tem tempo para ninguém. A não estar em frente do computador, do video game, do televisor ou falar ao celular. E no momento em que andamos e poderíamos observar nosso mundo real, estamos novamente ao celular, falando com alguém que as vezes só existe na nossa imaginação.
Fazemos tudo para termos um futuro melhor e quando ele chega, não o aproveitamos, pois estamos apressados porque dormimos com pressa, tomamos banho com pressa, comemos com pressa, andamos com pressa, falamos com pressa, estudamos com pressa, amamos com pressa, brincamos com pressa e divertimos-nos com pressa.Mas, a pressa em atender a todos e resolver tudo é o álibi perfeito para que ela seja mantida como modelo e referência. E com a influência do consumismo pós-moderno apoiado pelos meios de comunicação social, dificilmente sairemos tão já dessa pressa.
A lentidão da nossa vida é tão grande que não nos consideramos velhos aos quarenta anos. A velocidade dos veículos retirou a velocidade às nossas almas. Vivemos muito devagar e é por isso que nos aborrecemos tão facilmente. A vida tornou-se para nós uma zona rural. Não trabalhamos o suficiente e fingimos trabalhar demasiado. Movemo-nos muito rapidamente de um ponto onde nada se faz para outro onde não há nada que fazer.
O sábio pensamento de que a pressa é a inimiga da perfeição, parece não se aplicar aos tempos actuais. Suponhamos, que o que se pratica é exactamente o contrário. Sem pressa não alcançamos nossos objectivos, conquistas e tarefas. Então, ela é urgente e tem que fazer parte da nossa vida como paradigma.
Portanto, a pressa transformou-nos em inimiga número um dos bons costumes, da conversa olho no olho, do tempo disponível para realmente ouvir e perceber o outro. Para prestar mais atenção no que conquistamos e desfrutar disto.
Antigamente, o tempo parecia lento, esperava-se pelo amor, pelo marido que foi trabalhar, pelo filho que foi para a escola, pelo Natal, pelo fim de semana. Mas hoje, não esperamos mais e quando percebemos..., já passou. E todos dizem, o dia passa tão rápido, a noite também e o ano voa.
Por isso, dizemos que a pressa é inimiga da perfeição. Ao privilegiarmos uma vida apressada, prejudicamos vários aspectos positivos da nossa vida, como saúde, relacionamentos, trabalho, alimentação, vida social e outros.Quando fazemos as coisas com calma, colocamos mais atenção ao momento presente e erramos menos.
Gaby Lomengo